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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

BUGS NOTÍCIAS

        peixes que andam 



Recentemente, o jornal científico Nature publicou um estudo que analisa um grupo de enguias-dinossauro (Polypterus senegalus) que estão sendo criadas “no solo” nos últimos oito meses. Essa espécie de enguia vive normalmente em água, mas possui pulmões para respirar ar (assim como brânquias) e pode “andar” – se pequenos passos e deslizamentos podem ser considerados dessa maneira –, o que a tornou o peixe perfeito para o estudo.
A ideia é que, entendendo como a enguia-dinossauro começou a andar, os cientistas possam compreender melhor como os peixes ancestrais deram seus primeiros passos na terra há milhões de anos.
“Eu costumava olhar para suas nadadeiras e o jeito como elas se moviam e pensava: é tão interessante e complexo”, diz Emily Standen, pesquisadora em biomecânica evolutiva e líder do estudo publicado na Nature. “Daí eu pensei: nossa! Como isso passa de uma barbatana para algo que pode funcionar no solo? Foi assim que se iniciou esse projeto”.

O peixe que anda

Para descobrir exatamente o que aconteceu quando os primeiros animais aquáticos migraram para a terra, Standen e seus companheiros utilizaram 111Polypterus senegalus jovens e as criaram durante oito meses em um ambiente terrestre. Ele consistia em um chão coberto de pedrinhas e apenas três milímetros de água – uma precaução para evitar que os peixes sofressem desidratação.
Os cientistas também formaram um grupo de controle usando 38 peixes criados em seu ambiente aquático natural. “Esses peixes possuem pulmões funcionais e podem respirar ar”, explica Standen. Enguias-dinossauro também possuem brânquias, mas elas respiram na superfície regularmente para aumentar seus suprimentos de ar. Ocasionalmente, elas usam as barbatanas para andar no solo.
“Há provas empíricas de que as enguias-dinossauro se movem de um lago efêmero para outro [quando elas se desidratam]”, informou Standen, “mas elas não fazem isso voluntariamente.” Ainda assim, esse fato é mais de que suficiente para tentar criar esses jovens peixes na terra.
“Ao fim de oito meses de estudo, nós utilizamos vídeos em alta velocidade para analisar os movimentos dos animais. Devido aos limites de tempo, essa parte da análise foi feita com 20 peixes terrestres e 10 aquáticos. Os cientistas também mataram um de cada grupo para descobrir como o processo afetou seus esqueletos. Foi comprovado que viver em terra realmente muda a maneira como os peixes andam.
“Os peixes criados em solo conseguem andar melhor com as barbatanas”, confirmou Standen. “Eles colocam as pernas próximas da linha do meio do corpo, levantam a cabeça mais alto e deslizam menos durante a caminhada”. Fora isso, aqueles criados em solo em geral são mais consistentes no modo como andam do que sua contraparte. Todavia, o comportamento não foi a única coisa que mudou.
Por exemplo, “os ossos da cintura escapular das enguias – aqueles que sustentam as barbatanas – mudaram de forma e suas clavículas se tornaram mais longas”, informou a pesquisadora. A maioria das mudanças que ocorreram serviram para dar mais espaço para a cabeça e as barbatanas se moverem.
“Essa é mudança importante, pois, se você pensar em um estilo de vida terrestre, é necessário um pescoço no solo, uma vez que você está preso nessa posição e precisa de maior movimento da cabeça independentemente do corpo.”
TEXTO RETIRADO BAIXAKI

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